Quando o nada de Deus diz tudo

Marquelle Antunes é jornalista membra da Congregação IDE

Estamos rodeados de mensagens motivacionais que insistem em revelar que o futuro está em nossas mãos. Frases como “tudo depende de você” ou “você faz acontecer” é o que mais atualmente.

O pensamento de que os acontecimentos dependem unicamente das nossas atitudes, está tão enraizado na sociedade, que o simples fato de ouvir de um irmão que se deve esperar em Deus assombra os sonhos de muitos. Leia mais sobre ansiedade. Também é possível escutar o jargão “faça a sua parte e Deus fará a dele”. Não tem como discordar completamente disto, mas há momentos em que Deus nos manda simplesmente fazer absolutamente nada.

Confesso que depois de escrever a palavra nada eu tive um bloqueio criativo e percebi grilos cantando na minha cabeça. Definitivamente o “nada” me assombra. Passado esse pequeno devaneio, vamos voltar ao tema do texto.

Em 2 Crônicas 20 está escrito que Deus concede vitória sobre os inimigos do rei Josafá. O rei recebeu a notícia que se aproximava uma grande multidão contra seu povo, por isso ele temeu e fez o que toda pessoa que conhece a Deus faria. Ele buscou ao Senhor. É possível tirar muitas observações desta passagem.

O Deus das grandes e pequenas decisões

Apesar de sua atitude exemplar de pedir auxílio do Senhor, Josafá cometeu muitos erros que poderiam ser evitados se consultasse mais a Deus nos detalhes de sua vida.

Ao que diz respeito a educação religiosa do povo ou uma guerra iminente, Josafá buscou a direção de Deus e fez o que era certo. No entanto, em relação aos planos e ações do cotidiano, ele fazia o que julgava certo sem consultar a Deus. Um exemplo claro foi a aliança que ele fez com o rei Acabe e quase foi morto por isto, como está escrito em 2 Crônicas 18. Também é possível observar essa falta da busca em Deus quando Josafá providenciou que seu filho se casasse com Atalia, filha do rei Acabe e Jezabel.

A deficiência de Josafá em inserir Deus nos detalhes da sua vida não deve ser estranha para nós. Por muitas vezes buscamos ao Senhor para os grandes feitos e decisões difíceis, mas no que diz respeito às coisas simples, excluímos a opinião de Deus. Seja por falta de costume ou pensar que o Senhor não se preocupa com os pormenores da nossa vida, acabamos por negligenciar a consulta constante sobre o que se deve ou não fazer.

O grande Deus de amor zela por nós. Apenas Ele sabe a intenção de cada coração e pode nos direcionar quanto sentimentos, amor e amizades. O Altíssimo não está ocupado demais para nos ouvir. Incluí-lo nas pequenas decisões é o maior ato de sabedoria que podemos ter. Pequenas decisões sem Deus podem se transformar em grandes desastres.

Josafá foi exemplo

Ao dar continuidade na leitura de 2 Crônicas 20:3 percebemos que Josafá apregoou jejum com todo o povo de Judá. Todos se uniram para pedir socorro ao Senhor. O rei foi exemplo de humilhação a Deus para o seu povo no momento de desespero. Apesar de suas falhas, Josafá demostrou em ações a quem se deve buscar no período de assolação. Mesmo com as nossas imperfeições, devemos buscar a Deus em oração e súplica para que haja livramento. Todos nós temos defeitos, mas isso não isenta a nossa responsabilidade de dar testemunho ao incentivar amigos e familiares a buscar e engrandecer o santo nome do Senhor.

A oração de Josafá

No decorrer do texto a partir do versículo 6, Josafá fez uma bela oração com elementos essenciais que podemos tirar para nós. Ele entregou a situação a Deus e reconheceu que somente o Senhor poderia livrar a nação do caos. O rei admitiu que o Eterno tinha controle total dos acontecimentos e não haveria mais ninguém que pudesse livra-los de tal condição.

Josafá afirmou que não tinha forças diante dos inimigos e não sabia o que fazer, além de reforçar que ansiava por uma resposta de Deus. Durante toda oração ele estava diante do Senhor com suas crianças, mulheres e filhos. Leia mais sobre família.

Assim como o rei Josafá, devemos reconhecer que nada podemos fazer. O controle da vida está nas mãos e Deus e não há o que possa ser feito se o Senhor não intervir na situação. Assumir a nossa total dependência diante daqueles que nos observam é um exemplo que inspira os demais. Não somos testemunhas do Pai pelo que falamos, mas pela forma em que nos comportamos.

O nada de Deus é tudo para nós

Depois da oração, o Espírito do Senhor veio no meio da congregação e falou que o povo não deve temer ou ficar assustado, já que a peleja era de Deus.

Nesta batalha não tereis que pelejar; postai-vos, ficai parados, e vede a salvação do Senhor para convosco, ó Judá e Jerusalém. Não temais, nem vos assusteis; amanhã saí-lhes ao encontro, porque o Senhor será convosco.

2 Crônicas 20:17

A ordem de Deus era clara. “Não faça nada.” Ao voltar ao assunto do devaneio mencionado acima, na sociedade em que vivemos ficar sem fazer nada é quase um martírio. O tempo todo somos levados a uma ação. No trabalho devemos produzir e nos estudos ter as melhores notas. A movimentação é constante e quando Deus nos manda ficar parados para que Ele possa agir, a nossa reação é tentar, de todas as formas, dar aquela ajudinha para Deus e fazer o que pensamos ser o melhor.

Cada situação tem uma ordem do Senhor. Há momentos em que é preciso produzir e há momentos em que precisamos esperar. E como é difícil esperar quando a mensagem do mundo diz que ficar parado é o mesmo que ser ultrapassado. Porém, quando Deus manda esperar e declara que nada podemos fazer, significa que o nada de Deus é tudo para nós.

Uma atitude voluntária

Após receber a mensagem do Senhor, Josafá ordenou que cantores louvassem a majestade santa dizendo: Louvai o Senhor, porque a sua benignidade dura para sempre, 2 Crônicas 20:21. Tal atitude de louvor a Deus por parte do povo foi voluntária. Enquanto eles cantavam, o Senhor preparou emboscadas contra o inimigo.

Em Atos 16:25, a bíblia relata Paulo e Silas louvando a Deus na prisão. Enquanto eles entoavam louvores, as cadeias se abriram e eles foram libertos. Nos dois casos acima não foi o louvor que deu vitória a eles, mas Deus fez a vitória acontecer por meio do louvor. Louvar foi uma atitude espontânea de amor antes da vitória acontecer. 

Ainda que Deus diga para não fazer nada e que Ele cuidará de tudo, podemos entoar cânticos ao Senhor e celebrar a vitória que está por vir. Se Deus declarou que não vamos batalhar e que a peleja é dele, cabe a nós jubilar diante promessa que o Pai nos concedeu.

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Marquelle Antunes é jornalista e Social Mídia da Congregação IDE, empresas e ministérios.

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